Talvez você nunca tenha parado para pensar se os seus dentes fazem parte do conjunto dos ossos ou dos órgãos do nosso corpo. Mas, se avaliarmos bem, essa é uma questão bem interessante de tratar, porque além de abordar a estrutura do dente, ela envolve uma outra situação bem conhecida por nós: a doação.

Vamos entender...

Quando arrancados ou substituídos naturalmente, nunca sabemos o que fazer com os dentes, não é mesmo? Guardar, jogar fora ou doar?

Bem, no caso dos dentinhos de leite, esqueça a fadinha do dente e nem pense em jogá-los no telhado, porque, para a surpresa de muitos, nossos dentes, apesar de terem cálcio na sua composição e serem estruturas semelhantes aos ossos (na resistência e coloração), não são ossos e podem ser doados.

Isso mesmo! Esses elementos que temos dentro da boca são um órgão do nosso corpo, assim como os pulmões e o coração, e têm funções importantes para estudos e pesquisas.

Órgão x osso

A composição dos nossos dentes difere e muito dos ossos. Os ossos são formados de tecido ósseo que contém células que os revestem. Já os dentes são compostos por esmalte, polpa dentária e dentina, e se formam a partir de células do epitélio bucal e outros grupos de células que constituem uma estrutura chamada lâmina dentária.

Nesta lâmina são implantados, em primeiro lugar, os dentes chamados decíduos, ou seja, os 20 dentes de leite. Logo depois, é formada uma segunda lâmina dentária chamada lâmina de substituição, onde irão se formar os dentes permanentes que substituirão os dentes de leite.

Outra característica que difere o osso de um dente é a sua capacidade de regeneração, ou seja, se lesionado, o osso passa por um processo natural de reparação, diferente do dente, que se quebrar necessita de um tratamento dentário externo.

Mais diferenças

São muitas as diferenças entre os ossos e os dentes. Veja: a medula óssea presente nos ossos produz glóbulos vermelhos e brancos, já nos dentes esse processo não ocorre. Outra característica exclusiva dos ossos é o fato de estarem escondidos sob a nossa pele, enquanto os dentes estão sempre expostos. Aliás, para quem não sabe, o dente é uma das partes mais resistentes do nosso corpo.

Quem doa um dente é considerado doador de órgãos?

Sim! Por mais estranho que pareça, quem doa dentes, também é um doador de órgãos. Muito legal, não é mesmo? De acordo com a Universidade de São Paulo - que tem um banco de dentes para estudos - o dente deve ser doado como qualquer outro órgão, mesmo os permanentes.

Para José Carlos Pettorossi Imparato, responsável pelo Biobanco de Dentes da Faculdade de Odontologia da USP, o estudo dos dentes tem importância significativa para a saúde bucal e para a história*.

O professor explica que, antes de praticar a profissão, os alunos do curso de odontologia estudam temas como erosão, lesões de cáries, anatomia e restaurações em dentes doados. Além disso, ele diz que, pelos dentes, é possível estudar características anatômicas de uma população inteira.

Qualquer um pode doar

Agora que você sabe que dente não é um osso e sim um órgão, vai mais uma novidade: qualquer um pode ser doador, mesmo os que fizeram a extração de um dente cariado. A cárie não tira o dente da lista de órgãos e ele pode servir como material para uma nova restauração.

Então, antes de jogar um dente fora, pense na possibilidade de doá-lo para pesquisas!
 

*Fonte: http://www.fo.usp.br/?p=24019